A culinária é uma arte universal, capaz de unir pessoas de diferentes culturas e habilidades. No entanto, quando se trata de ensinar e aprender receitas, técnicas e truques de cozinha, a acessibilidade é muitas vezes deixada de lado. Isso pode representar uma barreira significativa para pessoas surdas ou com dificuldades auditivas, que muitas vezes enfrentam desafios em ambientes de ensino tradicionais, onde a comunicação verbal é a principal forma de interação. Por isso, tornar as aulas de culinária mais acessíveis é um passo essencial para promover a inclusão social e garantir que todos tenham as mesmas oportunidades de aprender e se expressar na cozinha.
Adaptar as aulas de culinária para pessoas surdas não significa apenas traduzir palavras para Libras (Língua Brasileira de Sinais), mas também utilizar recursos visuais eficazes que complementem e enriqueçam o processo de aprendizagem. Isso inclui imagens, vídeos, diagramas e legendas, que ajudam a transmitir as etapas das receitas e técnicas de forma clara e objetiva. Com o uso desses recursos, os alunos podem acompanhar o passo a passo das aulas de maneira mais eficiente, sem depender exclusivamente de explicações orais.
Esse movimento de adaptação não só aumenta a inclusão, mas também tem um impacto positivo no aprendizado. Ao proporcionar um ambiente mais acessível e acolhedor, os alunos se sentem mais confiantes e motivados, o que resulta em uma experiência de aprendizagem mais enriquecedora. Além disso, promove a autonomia, permitindo que pessoas surdas ou com dificuldades auditivas desenvolvam habilidades culinárias que podem ser úteis tanto no dia a dia quanto em suas carreiras. O aumento da inclusão social na culinária, portanto, não é apenas uma questão de acessibilidade, mas também de empoderamento e igualdade de oportunidades.
O Desafio da Acessibilidade nas Aulas de Culinária
Embora as aulas de culinária possam parecer acessíveis para todos, a realidade é que muitas pessoas surdas ou com dificuldades auditivas enfrentam desafios significativos em ambientes de ensino tradicionais. Nas aulas convencionais, a comunicação é amplamente baseada na fala do instrutor, o que torna difícil para os alunos surdos acompanhar e absorver o conteúdo de forma plena. Sem o apoio de intérpretes de Libras ou de adaptações na metodologia, essas pessoas muitas vezes se veem excluídas ou limitadas no seu aprendizado, comprometendo seu desenvolvimento nas habilidades culinárias.
O ensino de receitas e técnicas culinárias exige a compreensão clara de instruções orais, como o nome de ingredientes, o tempo de preparo e as explicações sobre os métodos de cozimento. Para os alunos surdos, a falta de uma comunicação eficaz pode tornar essas instruções incompreensíveis ou de difícil acesso. Isso não só dificulta o aprendizado, mas também pode gerar frustração, especialmente quando a adaptação do conteúdo não é feita de maneira adequada.
Por isso, a necessidade de adaptar as metodologias de ensino se torna cada vez mais evidente. Tornar as aulas de culinária acessíveis significa repensar como o conteúdo é transmitido, buscando formas alternativas de comunicação. Isso envolve a inclusão de recursos visuais, como vídeos explicativos, diagramas e imagens, e a utilização de Libras para garantir que todos os alunos, independentemente de sua condição auditiva, possam aprender da mesma forma que seus colegas ouvintes. Além disso, a capacitação dos instrutores para que se sintam seguros e preparados para lidar com a diversidade de necessidades dos alunos é essencial para promover um ambiente de aprendizado verdadeiramente inclusivo.
Como as Explicações Visuais Podem Ajudar
Uma das maneiras mais eficazes de tornar as aulas de culinária acessíveis para todos é por meio do uso de explicações visuais. Essas ferramentas não apenas complementam a comunicação verbal, mas também oferecem uma alternativa que facilita a compreensão de técnicas e receitas, principalmente para alunos surdos ou com dificuldades auditivas. Imagens, vídeos e diagramas se tornam aliados poderosos no ensino culinário, permitindo que os alunos acompanhem cada etapa do processo de forma clara e objetiva, sem a necessidade de depender exclusivamente de explicações orais.
O uso de imagens, vídeos e diagramas como ferramentas para facilitar o entendimento
Imagens e vídeos são recursos intuitivos que capturam a atenção e explicam conceitos de maneira visual, muitas vezes superando barreiras linguísticas. Ao mostrar a preparação dos ingredientes, o modo de manipulação dos utensílios e as técnicas culinárias, esses recursos tornam o processo mais tangível e compreensível. Diagramas explicativos, como fluxogramas que indicam a sequência de uma receita, também são extremamente úteis para visualizar o passo a passo de uma preparação, permitindo que o aluno compreenda cada etapa de maneira lógica e estruturada.
Exemplos de como receitas podem ser mostradas de forma visual, através de etapas ilustradas
Imagine uma receita de bolo, por exemplo. Em vez de apenas ler as instruções ou ouvi-las, o aluno pode visualizar a imagem dos ingredientes necessários, com suas quantidades, e logo após, as imagens que ilustram como cada etapa do preparo deve ser realizada. Por exemplo: uma foto mostrando o momento de misturar os ingredientes secos, seguida de uma imagem do ponto correto da massa. Em seguida, uma sequência visual mostrando a forma de despejar a massa na assadeira e, finalmente, a imagem do bolo pronto, assado e decorado. Esse tipo de abordagem visual transforma o aprendizado em algo mais direto e eficiente, ajudando o aluno a identificar e entender cada detalhe.
A importância de legendas e gráficos explicativos
Além das imagens e vídeos, as legendas desempenham um papel crucial na adaptação das aulas de culinária. Elas garantem que a comunicação seja clara e acessível, principalmente quando não é possível contar com a presença de um intérprete de Libras. As legendas fornecem uma descrição escrita das ações e instruções, permitindo que qualquer aluno, independentemente de sua habilidade auditiva, acompanhe o processo.
Da mesma forma, gráficos explicativos podem ser usados para destacar informações importantes de maneira visual. Por exemplo, um gráfico de temperatura pode ilustrar o ponto exato de cozimento de um prato, ou um gráfico nutricional pode detalhar os benefícios dos ingredientes. Esses recursos adicionais não apenas tornam a aula mais acessível, mas também auxiliam no processo de memorização e compreensão dos conceitos culinários de forma mais profunda.
Em resumo, a utilização de explicações visuais vai muito além de uma simples adaptação. Ela transforma o aprendizado em algo mais inclusivo e eficaz, proporcionando uma experiência mais rica e acessível para todos os alunos, sem exceção.
A Integração de Libras nas Aulas de Culinária
Para tornar as aulas de culinária realmente acessíveis, é fundamental considerar a integração da Libras (Língua Brasileira de Sinais) como uma ferramenta essencial de comunicação. A Libras é a língua oficial da comunidade surda no Brasil e é composta por sinais visuais e gestuais que permitem a comunicação fluente e eficiente. Ao integrar essa língua nas aulas de culinária, cria-se um ambiente de aprendizado mais inclusivo, permitindo que as pessoas surdas se sintam representadas e capacitadas a aprender da mesma maneira que os ouvintes.
Definição e importância da Libras como língua oficial para a comunidade surda no Brasil
A Libras é reconhecida oficialmente pela Lei nº 10.436/2002 como a língua de sinais para a comunidade surda no Brasil. Ela é uma língua independente, com sua própria gramática e estrutura, e é fundamental para garantir a comunicação plena entre os surdos e o resto da sociedade. Para os alunos surdos, a Libras é a principal forma de comunicação, e seu uso adequado no contexto educacional é essencial para garantir um aprendizado eficaz e sem barreiras.
A inclusão da Libras nas aulas de culinária não é apenas uma questão de acessibilidade, mas também de respeito à identidade e cultura da comunidade surda. Proporcionar um ensino adequado em Libras contribui para o empoderamento dessa comunidade e promove uma educação mais equitativa e justa.
Como integrar o uso de sinais de Libras nas aulas de culinária: instrutores fluentes em Libras, intérpretes, ou legendas
Existem várias formas de integrar a Libras nas aulas de culinária. Uma das opções é ter instrutores fluentes em Libras, o que permite uma comunicação direta e sem intermediários com os alunos surdos. Essa abordagem proporciona uma experiência de ensino mais natural e fluida, pois o instrutor pode explicar as etapas da receita de maneira clara, utilizando sinais específicos para os ingredientes, utensílios e processos.
Outra alternativa é contar com intérpretes de Libras, que podem traduzir as explicações do instrutor para a língua de sinais em tempo real. Esse modelo permite que o instrutor conduza a aula de forma tradicional, enquanto o intérprete assegura que todos os alunos, surdos ou ouvintes, tenham acesso ao conteúdo.
Além disso, o uso de legendas também pode ser uma ferramenta valiosa, principalmente em aulas gravadas ou online. As legendas podem transcrever as falas do instrutor ou até mesmo traduzir as instruções para Libras, oferecendo mais uma camada de compreensão para os alunos.
Exemplos práticos de como as receitas podem ser traduzidas em Libras durante o processo de ensino
Durante uma aula prática de culinária, a tradução de receitas em Libras pode ser feita de maneira simples e eficaz. Por exemplo, ao ensinar uma receita de macarrão, o instrutor pode utilizar sinais específicos para os ingredientes, como “macarrão”, “molho”, “tomate” e “queijo”, enquanto também demonstra as ações com as mãos, como cortar ou misturar os ingredientes. Isso ajuda a criar uma associação visual entre os sinais e as ações, facilitando a compreensão.
Além disso, cada etapa do processo de preparo pode ser traduzida para Libras. Por exemplo, ao indicar que o molho precisa ser fervido por 10 minutos, o instrutor pode sinalizar o verbo “ferver” e indicar o tempo de forma visual, utilizando relógios ou gráficos que reforçam a instrução. Isso permite que os alunos surdos acompanhem todo o processo de forma dinâmica e interativa.
Em aulas mais avançadas, como de técnicas de confeitaria ou panificação, onde o vocabulário técnico é maior, pode-se criar uma “terminologia” adaptada em Libras para os termos mais específicos, como “ponto de neve”, “glacê”, “pão de fermentação natural”, entre outros. O uso desses sinais permite que o aluno se familiarize com o vocabulário técnico e se sinta mais à vontade ao praticar as receitas.
Em resumo, integrar a Libras nas aulas de culinária não é apenas uma necessidade, mas uma oportunidade para enriquecer a experiência de aprendizado e garantir que todos os alunos, independentemente de sua condição auditiva, possam aprender e se desenvolver na cozinha de forma plena e inclusiva.
Benefícios da Inclusão na Cozinha
A inclusão nas aulas de culinária traz consigo uma série de benefícios que vão muito além do aprendizado de receitas e técnicas culinárias. Ao garantir que todos, independentemente de sua condição auditiva, tenham acesso a uma educação de qualidade na cozinha, criam-se oportunidades para o desenvolvimento de habilidades essenciais, como autonomia, criatividade e autoestima. Esses benefícios são especialmente relevantes para pessoas surdas, que frequentemente enfrentam barreiras no acesso à educação e à participação plena em atividades cotidianas.
Acesso igualitário ao aprendizado de culinária, promovendo a autonomia e habilidades para a vida diária
Uma das maiores vantagens da inclusão nas aulas de culinária é o acesso igualitário ao aprendizado. Quando as aulas são adaptadas para pessoas surdas, com o uso de recursos visuais, Libras e outras metodologias inclusivas, todos os alunos têm a chance de aprender as mesmas habilidades. Isso promove a autonomia, pois os alunos não precisam depender de terceiros para executar tarefas básicas de cozinha, como preparar uma refeição simples ou realizar tarefas mais complexas. Aprender a cozinhar oferece a independência necessária para gerenciar sua alimentação e nutrição, um aspecto fundamental para a vida diária. Para pessoas surdas, essa autonomia também pode se refletir em uma maior participação nas atividades familiares e sociais, promovendo mais inclusão no dia a dia.
Estímulo à criatividade e expressão de pessoas surdas na gastronomia
A culinária é uma forma de expressão criativa, e ela pode ser ainda mais poderosa quando aberta a todos. Quando as pessoas surdas têm a oportunidade de aprender culinária de maneira adaptada, elas são incentivadas a explorar sua própria criatividade e a se expressar por meio da gastronomia. A cozinha oferece uma plataforma para experimentação, seja criando novas receitas, decorando pratos ou desenvolvendo técnicas pessoais. Ao remover as barreiras linguísticas e de comunicação, as aulas de culinária inclusivas incentivam os alunos surdos a usar sua imaginação sem limitações, permitindo que eles compartilhem sua cultura e identidade por meio dos sabores e apresentações dos pratos que preparam.
O impacto positivo na autoestima e independência dos alunos
O impacto da inclusão nas aulas de culinária vai além do aprendizado técnico. Ele também tem um efeito profundo na autoestima dos alunos. Para muitas pessoas surdas, a exclusão social e a falta de acesso à informação podem gerar sentimentos de isolamento ou frustração. Ao oferecer um ambiente educacional acessível, as aulas de culinária proporcionam uma sensação de pertencimento e valorização. Os alunos se sentem reconhecidos e respeitados, o que tem um efeito direto na sua confiança e motivação. Além disso, a possibilidade de cozinhar de forma independente e criar suas próprias receitas contribui para o fortalecimento da autoestima, promovendo a sensação de conquista e competência.
Essa inclusão também favorece a independência. Aprender a cozinhar não é apenas uma habilidade prática; é uma forma de empoderamento. Quando pessoas surdas podem dominar as técnicas culinárias de maneira plena, elas têm a capacidade de cuidar de si mesmas e de sua alimentação de forma mais autônoma. Esse processo de empoderamento e autossuficiência, além de melhorar a qualidade de vida, abre portas para futuras oportunidades, seja no campo profissional ou no desenvolvimento pessoal.
Em suma, a inclusão na cozinha tem um efeito positivo não só no aprendizado de habilidades práticas, mas também no bem-estar emocional e na autonomia dos alunos. Ao promover a igualdade de oportunidades, a gastronomia se torna uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento pessoal e social de pessoas surdas, criando um ambiente mais inclusivo e acolhedor para todos.
Exemplos de Aulas de Culinária Adaptadas
A implementação de práticas inclusivas nas aulas de culinária tem se mostrado uma maneira eficaz de garantir que todas as pessoas, independentemente de suas necessidades auditivas, possam aprender e se desenvolver na cozinha. Vários casos de sucesso de escolas e programas de culinária mostram que, com a adaptação de métodos e recursos, é possível criar um ambiente de ensino acolhedor e acessível para todos. A seguir, exploraremos alguns exemplos que evidenciam os benefícios e a eficácia dessas práticas.
Casos de sucesso de escolas de culinária que implementaram essas práticas
Diversas escolas de culinária ao redor do Brasil começaram a adotar práticas inclusivas para alunos surdos, com resultados bastante positivos. Um exemplo notável é o Instituto de Gastronomia Inclusiva, que oferece cursos especializados para surdos e pessoas com deficiência auditiva. Nesse instituto, as aulas são ministradas com intérpretes de Libras e recursos visuais, como vídeos e diagramas, para garantir que o conteúdo seja acessível a todos. O sucesso dessa metodologia tem sido evidente: os alunos não só aprendem as técnicas culinárias de maneira eficaz, mas também se sentem mais engajados e motivados a explorar suas habilidades na cozinha.
Outro exemplo de sucesso é o Senac São Paulo, que adaptou parte de seus cursos de gastronomia para incluir recursos de Libras e materiais visuais. A instituição passou a oferecer módulos específicos para surdos, com instrutores fluentes em Libras, e também utilizou vídeos tutoriais com legendas e sinais. Como resultado, a escola observou uma melhora significativa na inclusão e no desempenho dos alunos surdos, que passaram a se destacar em suas práticas culinárias e a sentir-se mais seguros no ambiente acadêmico.
Testemunhos de alunos surdos que tiveram a experiência de aprender através de métodos adaptados
Os testemunhos de alunos surdos que participaram de aulas de culinária adaptadas são emocionantes e revelam o impacto positivo dessa inclusão no processo de aprendizagem. Ana, uma aluna do Instituto de Gastronomia Inclusiva, compartilha sua experiência: “Antes, eu sentia que a culinária era um campo fechado para mim. Nas aulas convencionais, eu me sentia perdida, porque não conseguia acompanhar as instruções. Mas depois que comecei a estudar com recursos visuais e intérpretes, pude entender claramente o que estava acontecendo em cada etapa da receita. Isso me deu muita confiança e hoje consigo preparar vários pratos sozinha!”
Outro testemunho inspirador vem de Marcos, que participou de um curso de gastronomia no Senac São Paulo. Ele afirma: “Aprender a cozinhar com os recursos adaptados fez toda a diferença. Eu nunca tinha imaginado que poderia trabalhar com gastronomia de maneira tão envolvente. As legendas nos vídeos e os instrutores em Libras tornaram a experiência muito mais rica. Eu sinto que agora posso seguir minha paixão pela culinária com total confiança.”
Esses relatos mostram como a adaptação dos métodos de ensino pode transformar a experiência de aprendizado e abrir portas para novas possibilidades.
Como as receitas foram adaptadas e os resultados positivos
A adaptação das receitas para alunos surdos vai além da tradução em Libras. Ela envolve a criação de recursos visuais que ajudem a esclarecer cada etapa do processo. Por exemplo, nas aulas de panificação, as receitas podem ser acompanhadas de vídeos demonstrativos que mostrem como a massa deve ser manipulada, como ela deve ficar no ponto certo e qual o aspecto desejado ao final. Esses vídeos são legendados e possuem intérpretes de Libras para garantir que o aluno consiga entender tanto a explicação oral quanto as demonstrações práticas.
Além disso, as receitas podem ser estruturadas de forma visual, com imagens dos ingredientes, utensílios e o passo a passo de cada procedimento. Diagramas e infográficos também são frequentemente usados para ilustrar a sequência de ações, como a temperatura ideal do forno ou o tempo de cozimento necessário.
Essas adaptações têm mostrado resultados muito positivos, com alunos surdos que, após aprenderem por meio desses métodos, demonstraram um grande interesse pela culinária e, em muitos casos, se tornaram profissionais da área. O uso de ferramentas visuais e a tradução em Libras não apenas tornaram o aprendizado mais acessível, mas também contribuíram para a confiança e a independência desses alunos, permitindo que eles conquistassem sua própria identidade culinária.
Esses exemplos evidenciam que, ao adaptar o ensino de culinária para tornar o conteúdo acessível, é possível transformar vidas, proporcionando oportunidades de aprendizado, desenvolvimento profissional e inclusão social.
Dicas para Implementar Aulas de Culinária Inclusivas
Criar um ambiente de ensino culinário acessível e inclusivo para pessoas surdas é fundamental para promover igualdade de oportunidades e garantir que todos tenham a chance de aprender e se desenvolver na cozinha. Para escolas de culinária e profissionais da área, existem diversas formas de adaptar suas aulas e oferecer uma experiência de ensino mais acessível. A seguir, compartilhamos algumas dicas valiosas sobre como implementar essas mudanças de forma eficaz.
Como escolas e profissionais podem iniciar a adaptação de suas aulas para a comunidade surda
O primeiro passo para a adaptação das aulas de culinária é o compromisso com a inclusão. Para isso, escolas e profissionais devem começar com uma avaliação do atual formato de ensino e identificar quais elementos podem ser modificados para tornar o conteúdo mais acessível. Uma das formas mais simples de começar é incluir recursos visuais em todas as aulas, como imagens dos ingredientes, vídeos demonstrativos e diagramas explicativos.
Além disso, a presença de intérpretes de Libras é uma maneira eficaz de garantir que os alunos surdos possam acompanhar as instruções verbais. Escolas podem considerar a contratação de intérpretes ou a capacitação de instrutores para aprender Libras, criando uma ponte direta de comunicação com os alunos. Caso não seja possível contar com um intérprete em tempo integral, o uso de vídeos tutoriais com legendas e sinais pode ser uma solução viável para complementar o ensino.
Também é importante criar materiais de apoio, como apostilas adaptadas, onde as receitas e as explicações estejam acompanhadas de imagens ou até vídeos ilustrativos. Isso proporciona uma forma de os alunos acompanharem o conteúdo em casa e praticarem sozinhos, de forma mais autônoma.
Ferramentas tecnológicas que podem ser utilizadas (aplicativos de tradução, vídeos tutoriais em Libras, etc)
A tecnologia tem sido uma aliada fundamental na criação de aulas de culinária inclusivas. Existem diversas ferramentas que podem ser utilizadas para melhorar a comunicação e o aprendizado dos alunos surdos. Aplicativos de tradução e plataformas que oferecem a tradução automática de texto para Libras podem ser muito úteis, principalmente em aulas online ou em materiais de leitura.
Uma das opções mais eficazes são os vídeos tutoriais em Libras, que demonstram a preparação de pratos e técnicas culinárias de forma visual, com intérpretes de Libras explicando o passo a passo. Plataformas como YouTube e Vimeo, por exemplo, permitem a inserção de legendas ou a criação de vídeos em Libras, proporcionando um conteúdo acessível para alunos surdos.
Outra ferramenta interessante são os aplicativos de realidade aumentada (AR) ou realidade virtual (VR), que podem ser usados para criar ambientes de aprendizado imersivos, nos quais os alunos podem interagir com receitas de forma prática, visual e acessível. Esses recursos são especialmente eficazes para ensinar técnicas mais complexas, como o ponto ideal da massa ou a temperatura de fritura.
Como treinar instrutores e equipes para se comunicarem de forma eficaz com pessoas surdas
A capacitação de instrutores e equipes para se comunicarem de forma eficaz com alunos surdos é um passo essencial para garantir que a inclusão seja bem-sucedida. Um treinamento básico em Libras pode ser muito útil, pois permite que os profissionais consigam se comunicar diretamente com os alunos, sem depender exclusivamente de intérpretes. Muitas escolas de culinária estão oferecendo cursos de Libras para seus instrutores, o que ajuda a criar uma atmosfera mais inclusiva e acolhedora.
Além disso, é importante que os instrutores aprendam a usar recursos visuais de forma estratégica, como destacar informações-chave nas receitas ou mostrar as etapas de forma clara e sequencial. A prática de tornar a aula visualmente rica e estruturada facilita o entendimento de alunos surdos e de outros grupos com diferentes estilos de aprendizagem.
Outro aspecto relevante é o treinamento para a criação de materiais adaptados, como vídeos e apostilas. Instrutores devem ser capacitados para usar tecnologias de gravação e edição de vídeo, possibilitando a criação de tutoriais de fácil acesso para os alunos surdos, com legenda e tradução em Libras.
A sensibilização das equipes também é fundamental. Além da parte técnica, é importante promover um ambiente de respeito e empatia, onde a comunicação seja feita de maneira clara, paciente e aberta, valorizando a diversidade e a inclusão dentro da sala de aula.
Implementar aulas de culinária inclusivas exige um compromisso contínuo com a acessibilidade e o respeito às necessidades da comunidade surda. Através da adaptação de metodologias de ensino, do uso de ferramentas tecnológicas e da capacitação dos instrutores, escolas e profissionais podem garantir um ensino mais igualitário e enriquecedor para todos. Isso não só promove a inclusão social, mas também contribui para o empoderamento de pessoas surdas, permitindo que elas se desenvolvam plenamente na gastronomia e em sua vida cotidiana.
Conclusão
Tornar as aulas de culinária mais inclusivas e acessíveis é uma questão essencial para garantir que todas as pessoas, independentemente de suas habilidades auditivas, possam aprender e se desenvolver na cozinha. A inclusão de recursos visuais e o uso de Libras são passos fundamentais para superar barreiras de comunicação e permitir que os alunos surdos acompanhem o conteúdo de forma clara e eficiente. Essa adaptação não só melhora o processo de ensino e aprendizado, mas também promove um ambiente mais acolhedor e igualitário, onde todos têm a chance de explorar sua criatividade e habilidades culinárias.
A integração de explicações visuais e Libras tem um impacto profundamente positivo na aprendizagem. Esses métodos oferecem aos alunos uma maneira mais intuitiva de entender as receitas e técnicas culinárias, ao mesmo tempo em que respeitam e valorizam a identidade da comunidade surda. O uso de vídeos tutoriais, imagens, diagramas e intérpretes de Libras não só facilita o entendimento, mas também contribui para o aumento da autoestima e da confiança dos alunos, permitindo-lhes se expressar e experimentar sem limitações.
Agora, é hora de expandir esse movimento. Profissionais da área da gastronomia, escolas de culinária e instituições de ensino têm um papel crucial em promover a inclusão. A implementação de práticas inclusivas deve ser vista como uma prioridade, para que mais pessoas surdas possam acessar o conhecimento culinário e ter as mesmas oportunidades de crescimento. Se você é um profissional da área, incentive a adaptação de suas aulas, invista em recursos visuais e no aprendizado de Libras, e faça parte de um movimento que transforma vidas e promove a verdadeira igualdade no ensino e na prática da culinária.